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Meu ano sem ela por
Daniel Matos

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Sobre o livro

Uma jornada alcoolizada e promiscua pelo Rio de Janeiro, de noites na Lapa, sob as luzes alaranjadas dos postes e ruas repletas de mendigos e turistas, de chopadas universitárias, com robôs de mãos nos joelhos descendo até o chão, de sessões de cinema alternativo no Odeon, regadas a cachaça, neon e ativistas, de sedução e desapontamento, de usar e ser usado, contrastando a realidade do dia a dia, com a ilusão romântica de filmes hollywoodianos, de séries de tv, de exaltações literárias da bohemia. 

 

Um confronto contra as armadilhas da memória, da lembrança e dos fantasmas que a acompanham, da criação de momentos. Um caminho psicológico, pela seleção sexual Darwiniana, através do próprio e de cutias dançantes, pelos filmes de Wong Kar Wai e Sofia Copolla, pelo teatro dionisíaco das sensações, e pelos rinocerontes em meio a escuridão no monte Roraima que dá fim ao mundo.

Depoimentos

Capítulo 1: Uma noite qualquer

Chupa-me descontroladamente, parece querer me engolir para dentro de si, enquanto eu me entrego a um misto de prazer e dor. Nunca fiz isso assim ao ar livre, especialmente contra uma parede na parte de trás isolada da faculdade. Não imaginei que à noite iria acabar deste jeito, fui aquela chopada por outras razões. Mas aqui estou, com esta garota, que conheci a apenas uma hora, ajoelhada a minha frente, chupando o meu pau como se esse fosse seu único motivo de existência. As coisas raramente acontecem na vida de forma planejada.

 

A chopada é de economia, a faculdade, a Uff, Universidade Federal Fluminense, na famigerada terra depois da poça, em oposição ao Rio de Janeiro, também conhecida como Niterói. Obviamente, não sou um aluno de economia - que tipo de pessoa seria isso? E obviamente ser da faculdade da chopada não importa a ninguém aqui, isso é uma chopada, só uma desculpa para todos de diferentes faculdades se encontrarem, se embebedarem e se pegarem sem muitas consequências – quase função primária de se estar numa faculdade. Chego cedo e o lugar ainda está meio vazio. Ocorre basicamente na área ao redor de um prédio velho do campus, um prédio construído antes dos grandes blocos de concreto frios que agora compõem a maioria da universidade, com um espaço à sua frente de jardins, onde as multidões logo poderão se aglomerar, se apertar, esmagando a grama e urinando nas árvores. Como é usual no começo de qualquer chopada, pequenos bolsões de pessoas se dividem entre o lugar. Não vejo ninguém que conheço, logo ligo para meus amigos. Todos ainda estão longe. Faço o que sempre faço em qualquer festa, me desloco até um desses círculos de pessoas, e começo a falar, perguntas básicas sobre o óbvio para me enturmar e passar o tempo até que alguém que eu conheça chegue. É um jogo de números, alguns já estão tão fechados nos seus clubinhos que olham estranho qualquer um que apareça, outros estão tão à procura de algum novo fator interessante em seu dia-a-dia que se abrem acolhedores para qualquer estranho.

 

Converso, converso, bebo, bebo, e logo o lugar está insuportavelmente cheio, um formigueiro, banhado de música ruim e álcool. Vários amigos chegam, e como nunca gostei de ficar parado no mesmo lugar, me desloco de um grupo para outro constantemente, me embrenhando pela massa, sempre olhando para todos os lados, sempre esperando ver alguém que não está lá. E aí no meio disso encontro um amigo meu, um amigo que também é amigo dela, o Carlos, é... o Carlos. Começo a falar com ele e logo pergunto.

 

- E aí sabe se a ... vem hoje também para cá?

 

- Ah não, ela me ligou, decidiu não sair, amanhã é o aniversário do pai.

 

Esta é a razão para eu estar ali: esbarrar com ela, esbarrar, tropeçar, me debruçar. Não estamos mais nos falando direito, mal nos vemos, mas mesmo assim algo em mim sempre diz que a próxima vez que for esbarrar com ela as coisas serão diferentes. Então, já que não tenho mais nada a fazer ali do que originalmente pretendia, faço o que todo mundo está fazendo, vou à caça, atrás do esquecimento, atrás da anestesia, atrás de qualquer outra garota que me faça de alguma forma me esquecer da que quero, afinal essa é a norma, nada vale, nada importa. A primeira é uma baixinha peituda, chamaremos de Jéssica por conveniência, cabelo encaracolado, cara de perdida, mas que assumiu o papel que sabe onde está, já que se passa o dia se preocupando com uma faculdade, deve se divertir alguma hora, deve se divertir como todos aparentam também estar se divertindo – todos sorriem, não? - e onde está, é meio maluca, numa roda de maconha. Não participo, nada contra - só sou contra os juízes que acham que devem proibir algo e às velhas que discutem a degradação da juventude na sala de espera de oftalmologistas -, já desisti de fumar qualquer coisa assim - só sinto algo quando estou extremamente bêbado, e mesmo assim não sei se isso é de verdade, ou um papel que assumo, logo não faz diferença. É rápido, a agarro, a levanto no ar, chupo sua língua, chupo os seus lábios, aperto sua bunda, ela faz o mesmo nos meus, me desinteresso, sigo a fila. A segunda é uma paulista, Paula, nem na faculdade ainda está, é uma colegial do terceiro ano, visitando uma amiga. Nada de muito interessante para falar, beijo, pego o seu telefone.

 

- Mas eu sei que você nunca vai me ligar.

 

- Claro, que vou!

 

Estranho ser questionado no papel que estou interpretando, apesar de ser verdade, nunca vou ligá-la. Sigo a fila. Na verdade, não posso me focar em nada naquele lugar, pois ainda penso nela. Encontro o..., é... Carlos de novo. Ele é do tipo paradão, que não faz nada e que se diz que só está ali para desfrutar da companhia dos amigos, ou seja, não sabe lidar com as mulheres. Mais conversa fiada e depois de mais umas citações do nome dela, nada que desse muito na telha, ele faz o comentário que puxa a conversa que eu quero ter.

 

- Sabe, foi uma surpresa vocês terem acabado.

 

- É, a gente tinha muito problema. Muito intolerante um com o outro em algumas coisas, com as nossas diferenças.

 

- Sei como é... dava para ver pelo temperamento dela que poderia ser assim.

 

- Sim, mas sabe uma coisa que aprendi recentemente, isso não deve importar em uma relação, talvez amar outra pessoa seja também amar suas diferenças e saber lidar com elas - única coisa útil que tirei de uma aula de Sociologia e Psicologia, me fez muito sentido na hora, é incrível quando você só entende os clichês quando eles se apresentam em lugares estranhos, em certas condições mentais.

 

- Vocês não acabaram bem, não?

 

- Não, por mim agora ainda estaria com ela. Você me vê aqui conversando com todo mundo, com tanta facilidade, pegando várias garotas, sabe por que eu estou assim? Porque ela me disse para fazer isso, disse que seria melhor se eu conhecesse mais pessoas, fizesse amizade com elas, me ajudaria a esquecer do passado. É isso que estou fazendo. E sim, eu pego outras garotas, mesmo ainda querendo ficar com ela. Mas o que vou fazer, quando quem eu quero me rejeita, ficar em casa olhando para o ar?

 

- É, você tá certo, mas eu sou diferente. Tive um problema também com uma garota há um tempo atrás, a gente namorou algumas semanas, mas não deu certo, logo a gente perdeu o interesse. Mas isso não é uma necessidade da minha vida, eu prefiro ficar sozinho. (Ela, a ela que estava esperando, havia me falado sobre isso. Tinha lhe dado conselhos de como se comportar com uma mulher, como ela disse, da forma que eu não fazia, ou seja, lhe pague um jantar num restaurante, lhe encha de elogios. Uau, que poder de sedução! É haviam perdido o interesse, ela primeiro, e ele por falta de outra opção.)

 

- Também era assim como você, fechado com todo mundo que não fosse do meu núcleo cotidiano, não me aventurando muito fora da caixa. Algumas vezes até achei que esse era o meu estado natural, isolado numa ilha, confortável numa caixa escura, mas agora estou treinado para ser desse jeito, extrovertido, falante, sempre tendo contato com muitas pessoas, me acostumei, isso se tornou o normal, e a caixa, claustrofóbica demais. Antigamente, só ia para as festas, pegava as garotas e nada mais, quando isso sequer acontecia, sempre dependeu muito do meu humor na hora. Agora, eu paro, conheço as pessoas, converso, e não é que as coisas são muito mais fáceis assim, muito mais oportunidades aparecem desse jeito. Mas mesmo dessa forma, para falar a verdade, não sei se isso valha realmente alguma coisa, ainda trocaria tudo isso para estar de novo com ela.

 

- Realmente, não sabia que você ainda gostava dela. Sempre achei vocês tão bem juntos. Dou a maior força para vocês voltarem.

 

- Sim, de certa forma a gente era. Mas não sei para onde as coisas vão seguir, ela me contou que já está saindo com um cara.

- Sim, eu sei.

 

- Você sabe como ela está com ele?

 

- Tipo, ela é minha amiga também, não seria certo eu falar coisas dela agora. Mas sabe, quando vocês estavam saindo, ela também me confidenciava coisas, e agora simplesmente não é a mesma coisa, ela não sente do mesmo jeito com ele de quando vocês estavam saindo.

 

- É... mas então, vamos esquecer disso agora e vamos rodar por ai, você tem de achar alguma mulher também!

 

- Vai lá, vou ficar aqui com uns amigos.

 

- Vamos, eu insisto, você me aponta que eu faço você acabar com ela.

 

- Não, não, não precisa, eu não tenho a mesma facilidade que você.

 

Olho para os lados, vejo uma roda com garotas atraentes, puxo conversa e puxo também o meu amigo junto. O apresento rapidamente para uma das garotas e me foco na outra, a alta de lábios grossos. Linda, alta, cabelo encaracolado – sim, isso me é um vício - aluna de psicologia. Chama-se Joana, nunca fiquei com uma garota chamada Joana, e por alguma razão isso dá um outro ar de inovação. Esqueço completamente o meu amigo e me foco nela. É fácil para mim conversar com gente de psicologia, uma das formas que usei para sair da minha antiga caixa foi ler livros sobre comportamento humano. Milhares de tópicos podem ser seguidos. Mas o que isso importa, logo estou a me agarrar junto do seu corpo e a beijar os seus lábios. Não sou uma pessoa tímida, e que bom, nem ela, a alguns segundos de lhe beijar, já estou apertando forte sua bunda, já estou a lhe levantar no ar enquanto a beijo - outro dos meus vícios. Andamos e nos beijamos, bebemos e nos beijamos, conversamos mais um pouco e nos beijamos. A cada intervalo, seus olhos brilham mais, a cada beijo, ela fica mais excitada, seu corpo cada vez mais quente e vibrando de tesão. E do nada, estamos a caminho da parte de trás do prédio da faculdade. Inicialmente só pretendo jogá-la contra uma parede para poder lhe beijar mais, morder seu pescoço, lhe apertar toda com o meu corpo contra a parede. Mas disso, logo se segue a minha mão a correr por seus seios, seus pequenos, mas apetitosos seios, e logo minha boca está sobre eles, a sugar daqueles mamilos grandes e arrebitados, inversamente proporcionais aos seios, enquanto minha outra mão desce para dentro de sua calça. Algumas vezes pessoas passam e a gente para, fingimos que só nos beijamos. Seu olhar para mim é algo que me dá prazer, ela está encantada de tão excitada, toda sobre o meu poder. Passada as pessoas, logo meus lábios estão de novo a chupar os seus seios e a minha mão com dois dedos a penetrar a sua vagina molhada, se contraindo. Quero penetrá-la, enfiar meu pau naquele corpo quente, abaixo minhas calças, mas ela é sim, um pouco tímida, se desconcentra com a possibilidade de alguém passar ali e nos avistar. Logo, se abaixa, fica de joelhos a minha frente e com meu pau grosso e ereto em sua mão, começa a chupá-lo. Digo que esse fato é digno de nota, pois nunca nem antes, nem depois, alguém me chupou como ela. Sua boca é como uma bomba de sucção tentando engolir o meu pau. Mal sei definir se o que sinto é prazer ou dor. Mal sei dizer se desfruto de tudo, ou se temo que aquilo quebre o meu pau de alguma forma. Meu músculo peniano se contrai várias vezes sem ejacular. Para quando eu não posso aguentar mais, alguém se aproxima. Voltamos para o meio das pessoas, eu arrumando as minhas calças, ela o seu top.

 

- Você é um diabinho safado com cara de anjo! – diz ela.

 

Sugiro um motel, mesmo não conhecendo nenhum em Niterói, nem tendo possibilidades de pagá-lo, simplesmente me parece o certo. Ela diz que não, que precisa se controlar. Mora naquela terra mesmo, mas em outro bairro. Diz que está com as coisas na casa de uma amiga, precisa buscá-las para depois ir para sua. Ofereço-me para acompanhá-la, parte de mim espera que algo vá acontecer na casa da amiga, mas não dá, já tem muita gente lá. Vamos até o terminal rodoviário, onde pego meu ônibus para atravessar a poça e ela um táxi. Pela janela do taxi ainda posso ver aquele olhar de desejo para mim, deve se perguntar se ligarei para ela de volta, se nos encontraremos mais uma vez. É engraçado, à noite foi excepcional, mas nada ali vejo senão sexo, e não é só isso que eu quero, quero me importar por alguém, quero cuidar de alguém, mas a única pessoa por quem tenho tais sentimentos não está ali, não está comigo. Acabamos há uns três meses, depois de quase um exato ano de namoro, e pior, fui eu quem acabou com tudo, eu tomei a decisão. Acabara com a única pessoa que já amara e que ainda amo.   

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Boa leitura!

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